No botequim da esquina,
Véio Venâncio, numa só
talagada,
Desse a mais pura cachaça
Que ele conhece desde os doze.
“Dizem que me viciei...
Mas qual ‘lucidez’ é a
correta?
Já vi muita gente caminhando...
A maioria sem rumo.
É verdade. Me satisfiz com
muito pouco.
Preferi viver a vida, ao invés
de passar por ela.
Briguei contra tudo que
julgava errado...
Antes fosse o ‘certo’ algo
correto.
Vi gente morrer e gente viver.
São muitas querências...
Muitas dormências,
Um deserto opaco no Sertão.
Seja qual for o tempo que me
resta,
Foi sentado aqui, que pude
perceber,
Que um pouquinho de tudo é um
pedaço de mim.
Um inimigo de mim, tão próximo
a mim.”
Véio Venâncio é assim...
No meio da prosa se despede e
vai,
Ajeitando seu chapéu na testa.
E enquanto se vai em passos
curtos,
Fico aqui mastigando seus
pensamentos.
24/03/2017